28 de nov. de 2007

São Paulo: Cidades do Interior - 2

Itapeva
Comemoração ainda não é consenso
“Eu sou totalmente contra o Dia da Consciência Negra, bem como o Dia do Índio. Se todos queremos igualdade, criar dias especiais para estas etnias é colaborar com a segregação”. A opinião de Rodrigo Santos, estudante, 17 anos. “Aposto que, se alguém sugerisse um “dia dos caucasianos”, seria apedrejado e considerado racista”, pondera Luiz Batista Andrade, 19 anos.
Acredita-se que neste ano a lei terá mais impacto porque, pela primeira vez, o feriado cairá numa segunda-feira e será prolongado. "Isso obriga as pessoas a pensarem no porquê desse feriado. Depois da instituição do Dia da Consciência Negra, houve um processo maior nas escolas para se estudar a biografia de Zumbi. Para os racistas, o dia será uma mera referência; para os não-racistas, será a celebração da igualdade e da fraternidade do povo brasileiro", explica a vereadora Claudete Alves (PT), autora do projeto de lei que oficializou a data pioneiramente como Dia da Consciência Negra, em 1999, no Rio de Janeiro.

Quilombo do Jaó
Na zona rural de Itapeva, está localizada uma das poucas comunidades quilombolas do Estado, a comunidade do Jaó. Com aproximadamente 450 pessoas, das quais quase a metade é de crianças. Homens e mulheres descendentes diretos de ancestrais africanos, trabalham na lavoura, no cultivo de feijão e milho, de onde vem todo sustento da comunidade. Uma outra fonte de renda eram dois tanques para piscicultura, que foram desativados.
Hilário, líder da comunidade que simbolizava a imagem do negro vindo da África, morreu há um mês. Dentes alvos e músculos fortes, apesar da idade, ele reclamava da falta de interesse da sociedade para com as comunidades quilombolas.
As bandeiras que ele carregava continuam sendo empunhadas por jovens da comunidade. As prioridades são a perfuração de um poço artesiano no bairro, construção de moradias, cursos de profissionalização para os adolescentes e atividades de lazer.

Memória
A sede da Fazenda Pilão d’Água constitui um patrimônio histórico singular. O casarão teria sido construído no século XIX e ainda hoje guarda vestígios da escravidão em Itapeva. A fazenda, ao que tudo indica, teria sido uma importante invernada para engorda de muares e bois no tempo dos tropeiros. Ali ainda há vestígios do trabalho escravo como muros de pedras erguidos com a mão de obra dos negros e também uma das únicas senzalas que sobreviveram ao tempo em território paulista, embora já bastante depreciada e desfigurada.
Segundo a historiadora Sílvia Correa Marques - cuja dissertação de mestrado, intitulada História e Memória do Jaó: um bairro rural de negros, resgata elementos históricos da população negra do bairro do Jaó, inclusive o passado escravo de seus ancestrais na Fazenda Pilão - aquela propriedade constava do inventário de Fortunata Maria de Camargo, em 1894. Um de seus filhos, Honorato Carneiro de Camargo, doou parte de sua herança aos negros libertos. Os cerca de 70 alqueires - situados num local conhecido como Sítio Ponte Alta - foram doados com escritura e ali nasceu a comunidade quilombola do Jaó, que até hoje abriga dezenas de famílias descendentes daqueles pioneiros.
A despeito da importância do casarão-sede e de seu entorno como acervo para pesquisas histórico-arqueológicas, o local vem sendo continuamente impactado por intervenções aleatórias, sem nenhum cuidado preservacionista, como é o caso de terraplanagens e estradas rasgadas sobre um terreno que deveria ser estudado minuciosamente, a fim de resgatar os seus muitos segredos que os anos ainda não apagaram.
O espaço da sede da fazenda é dividido com o Centro de Tradições Tropeiras e deve, futuramente, servir de palco para o projeto Caminho das Tropas, circuito que liga Sorocaba a Viamão no Rio Grande do Sul.
Próximo ao local, o município planeja instalar, ainda, um centro de eventos com parque de exposições, pista de motocross e arena para rodeios, ou seja um conjunto de obras que pode comprometer em definitivo aquele patrimônio, caso não sejam tomadas as devidas precauções técnicas, o que preocupa pesquisadores como a professora Sílvia Correa Marques e o professor Sílvio Alberto Camargo Araújo, geógrafo e arqueólogo comprometido com políticas públicas de gestão do patrimônio histórico e arqueológico do município. Para ele, “é preciso interagir com os diversos segmentos da sociedade sobre a importância do seu rico patrimônio arqueológico e seus ambientes propondo e estimulando saídas concretas para o problema da degradação do patrimônio arqueológico, antes que estes sejam destruídos ou mutilados de forma irreparável”.
Ainda que a Fazenda Pilão d’Água não tenha sido legalmente tombada como patrimônio arqueológico, pela Constituição de 1988, cabe ao poder público a sua preservação. No caso, a Fazenda Pilão d’ Água foi contemplada pela Lei Orgânica Municipal de Itapeva, que em seu Artigo 200 reconhece aquele sítio como patrimônio ecológico da cidade, juntamente com a Mata do Carmo, o Rio Taquari, matas ciliares e o Canyon do Itanguá.

Fonte: Folha do Sul


Jahu


As comemorações do dia da Consciência Negra em Jaú, realizadas em todo país no dia 20 de novembro, iniciaram-se com evento cívico, na rotatória onde está localizado o busto em homenagem ao líder negro Zumbi dos Palmares, com a presença de autoridades, estudantes, atiradores do Tiro-de-Guerra e representantes das entidades participantes do evento.À noite, haverá a palestra “Perfil de um Vencedor” com o médico Carlos Passos, no auditório da OAB e às 21h, no Ginásio de Esportes Dr. Neves, show musical com o bloco Afro Amukenguê e Edson e banda e exposição Valores da Cultura Negra, promovida pela Apeoesp.Os eventos fazem parte da programação da Semana da Consciência Negra, que teve início na última terça-feira com a palestra do advogado Hédio Silva Junior, sobre o sistema de cotas nas universidades.
Fonte: Prefeitura de Jau

Sorocaba

Feriado do Dia da Consciência Negra agora é lei em Sorocaba

O projeto de Lei que institui feriado no Município de Sorocaba o dia 20 de novembro “Dia da Consciência Negra” foi apresentado no ano de 2003 pelo ainda Vereador de Sorocaba, Raul Marceloa partir da reivindicação da comunidade negra organizada e lideranças populares.
A data de 20 de novembro lembra a morte de Zumbi dos Palmares Líder negro e representante da resistência negra contra a escravidão e a discriminação racial em nosso país.
A iniciativa proposta ainda quando Raul exercia mandato de Vereador em Sorocaba, passou quatros anos sendo debatida na Câmara Municipal, até que finalmente depois de muita luta e mobilização popular durante a última sessão de Raul Marcelo na Câmara, pois estava a poucos dias da posse como Deputado Estadual, conseguimos a aprovação do projeto de lei, com a participação de todos as lideranças e movimentos negros que propuseram, defenderam e construíram a luta pelo Feriado da Consciência Negra em Sorocaba.
A aprovação do projeto foi uma vitória da luta popular e com certeza o feriado representará uma homenagem ao povo brasileiro, bem como um dia onde estaremos realizando campanhas de conscientização política e muita luta social, no caminho para uma sociedade justa, democrática e livre de qualquer opressão.
Fonte: http://www.raulmarcelo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=28

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