15 de nov. de 2009

Mogi das Cruzes no Dia da Consciência Negra

Mogi das Cruzes no Dia da Consciência Negra realiza comemorações inéditas no município paulista.

Evento aborda Consciência Negra

Frederico Kataoka

O Governo Brasileiro estaria em dívida com a comunidade afrodescendente. Este é principal pensamento de representantes e políticos de Mogi das Cruzes que defendem a igualdade racial. A luta, ainda com poucas conquistas, precisaria ser reforçada para que as pessoas tenham maior consciência deste débito. E alguns destes reforços viriam por meio de políticas públicas, como as atividades que serão realizadas durante a comemoração da Semana da Consciência Negra, celebrada na Cidade a partir de hoje.

O evento, que se estenderá até o próximo dia 22, terá desfiles, apresentação de escolas de samba e bandas, inauguração de um monumento em homenagem a Zumbi dos Palmares e celebração de missas em diversos pontos do Município. Esta será a primeira vez que a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Cultura, promove uma semana inteira com atrações para comemorar o "Dia da Consciência Negra", festejado em 20 de novembro.

"Estamos avançando na questão do negro. Estas comemorações são prova disso. Mas o Governo ainda tem uma dívida enorme com a nossa raça. É necessário fazer a reparação história dos três séculos e meio em que o negro prestou serviço gratuito ao País", comentou o professor Nabil Francisco de Moraes. Um passo grande que poderia ser dado, segundo ele, para fazer este reparo, é a implantação efetiva nas escolas públicas de conteúdo envolvendo História e Cultura Afro-Brasileira, como determina a Lei 10.639/03, em algumas disciplinas dos colégios oficiais e particulares. "É preciso aprofundar a nossa história, mostrando nossas origens. Desta forma, difundiria a cultura e ajudaria a reduzir o preconceito ainda existente", opinou.

Este preconceito, segundo o professor, estaria velado pela sociedade. "Diferentemente dos Estados Unidos, que tiveram uma guerra declarada sobre a questão racial (Guerra da Secessão), no Brasil fica tudo disfarçado. E, apesar dos avanços, continua persistindo na nossa sociedade", afirmou. Em sintonia com Nabil, o vereador Geraldo Tomaz Augusto (PMDB) também acredita que o preconceito permanece vivo entre os brasileiros, inclusive entre os próprios negros. "Alguns se escondem na hora de falar da cor, o que é errado. O negro tem que se assumir e entender que tem qualidades como todas as outras raças", declarou.

Numa escala de objetivos, o vereador coloca justamente essa busca pela identidade dos negros no topo. "Temos, em um primeiro passo, que convencer o negro a vestir a camisa, revelando-se como tal. Depois, como segundo objetivo, precisamos brigar para conseguir apoio através de políticas públicas", avaliou. Enquanto ainda não conquista o primeiro objetivo, Geraldão, como é mais conhecido pelos eleitores, "mexe os pauzinhos" para buscar o suporte das políticas públicas.

Na próxima quinta-feira, ele apresentará ao prefeito Marco Aurélio Bertaiolli o projeto de criação de um Conselho de Igualdade Racial, o que possibilitaria ao Município conseguir verbas federais para a realização de atividades envolvendo os negros. "Mas ainda é preciso fazer mais. Temos que avançar na saúde e na educação. Estou estudando a possibilidade de montarmos um cursinho preparatório para vestibular e para concurso destinado aos afrodescendentes. E estamos lutando para conquistar programas de saúde que atendam as doenças específicas da raça", revelou.

Segundo o vereador, os projetos na área de saúde devem incluir algumas doenças básicas, como a anemia falciforme, cujo percentual de pacientes gira em torno de 90%, e a hipertensão.

Publicado em O Diário

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